Nesta terça-feira, 21 de fevereiro de 2023, a cidade de Jaicós chega aos seus 189 anos de emancipação política com muita história para ser recontada ao longo desses quase dois séculos de existência.
A cidade de Jaicós, teve a sua origem com a organização de aldeamento de índios do grupo Jaicó, ou povoamento de Jaicóz, pertencentes ao ramo Tupi, tinham como vizinhos os Acroás, os tremembrés, os Icós, os Meatanz, os Cupenharoz e outros.
Os Jaicós viviam espalhados na imensa área desde as nascentes dos rios Canindé e Piauí, na Serra dos Dois Irmãos, limite com o estado da Bahia, Serra do Araripe nos estados de Pernambuco e Ceará, área que viria mais tarde formar a Paróquia de Nossa Senhora das Mercês.
Desde Ouricuri-PE, até São Raimundo Nonato-PI, na Serra da Capivara, que viera a ser mais tarde a Paróquia de maior de extensão territorial do mundo. Em 1711 o Governador João Pereira Caldas, atendendo as reclamações de fazendeiros e dos jesuítas determinou que o Capitão de campo Bernardo de Carvalho e Aguiar aldeiasse nas terras do Coronel Antonio Borges Leal Marim, rico fazendeiro pernambucano, de origem portuguesa, que fixara residência na fazenda Bocaina, no ano de 1712. Bernardo de Carvalho e Aguiar lhe escreveu ao fazendeiro em 13 de junho de 1714, pedindo-lhe que o ajudasse a não só aldeiar os índios já dispersos, mas ainda, que aceitasse o arraial em suas terras.
Após uma dificílima marcha de seis meses se conseguiram que voltassem ao Piauí pouco mais de uma centena de Jaicós, para as terras do Coronel Borges Marim, de nome Cajueiro.
Nesse período os jesuítas já faziam missões nesses sertões e com eles alguns mercedários, que com ato de Fé, consagraram a aldeia a Nossa Senhora das Mercês, e construíram a capela a ela dedicada e inaugurada em 05 de março de 1723, que passou regularmente por um pároco, entronizando a pequena imagem esculpida em madeira, com cerca de 43cm de altura, que ainda existe, guardada em perfeito estado de conservação.
Com o afastamento de Bernardo de Carvalho e Aguiar da direção militar da porção da Capitania, a aldeia e missão entraram em decadência.
Em 1731, se fez um novo aldeamento. Em 1741, a Missão tinha como capelão o padre Francisco Ribeiro da Fonseca. Na sua provisão constava também a autorização para benzer a Igreja da Missão.
Em portaria de 03 de novembro de 1760, foi nomeado o índio Valentim de Sousa Pinto, como o principal da aldeia (administrador). Em 1762, a aldeia já era habitada por uma população de 354 índios domésticos constando-se 28 moradias no povoado.
No ano de 1801, o bispo do Maranhão, D. Luiz de Brito Homem, autorizou que fossem criadas 03 Paróquias em território piauiense: São Gonçalo do Amarante, Nossa Senhora das Graças da Parnaíba e Nossa Senhora das Mercês em Jaicós. O ato episcopal criando as referidas paróquias só foi promulgado em 12 de julho de 1805. Sendo a Paróquia de Jaicós instalada em 25 de setembro no ano seguinte e seu primeiro Pároco foi o padre Antônio Delfino da Cunha.
Em substituição à capelinha edificada pelos jesuítas, o célebre Padre Marcos de Araújo Costa, idealizou e fez construir a atual matriz concluída em 1837 e solenemente consagrada a Nossa Senhora das Mercês, no dia 24 de setembro do mesmo ano. Atualmente celebrada de 15 a 24 de Setembro com a participação de muitos devotos.
A imagem atualmente venerada, também esculpida em madeira, com cerca de 1 metro e 3 centímetros de altura, foi doada em fins do século XVIII, por dona Ana, esposa de um rico fazendeiro, morador na Data Poço do Boi, deste município, e, em virtude de uma promessa feita para alcançar a graça de ter um filho. De Salvador Bahia, foi a imagem trazida em ombros de escravos, em viagem longa e solene. Quando a imagem era trazida por Ana e seus escravos, muitos fazendeiros, habitantes do percurso, faziam questão de acompanhar a imagem no território de suas fazendas, fato que contribuiu para dar ao cortejo um carácter processional e solene. Tão logo que chegaram à Jaicós, Ana e seus escravos conduziram a imagem, entronizaram-na definitivamente em seu nicho, no altar- mor na Igreja Matriz, onde se encontra até hoje.
A terceira imagem de Nossa Senhora das Mercês de Jaicós, esculpida em gesso, com cerca de 1 metro e 46 cm de altura, fora adquirida no ano de 1954, destinada às peregrinações que habitualmente se fazia com a segunda imagem, retirando-a do nicho do altar mor. O pároco da época mandou adquiri-la no Rio de Janeiro pelo Sr. Alberto Bessa Luz e na festa de 24 de setembro do mesmo ano, O Revmo. Bispo Dom Francisco Expedito Lopes com os padres: Baldoino Rodrigues, pároco de Campos Sales-CE, Luis Antonio, vigário de Araripina-PE, Bernardino Luz da Diocese de Petrolina – PE e padre David Ângelo Leal, vigário cooperador de Picos-PI e de Pio IX-PI; o pároco de Jaicós-PI Pe. Mariano da Silva Neto, deram a benção solene da referida Imagem.
O decreto de 06 de Julho de 1832, elevou a Freguesia de Jaicós à categoria de Vila, criando consequentemente o município com território desmembrado de Oeiras-PI. Tendo sua emancipação política em 21 de Fevereiro de 1834, completa em 21 de fevereiro de 2022 seus 188 anos de emancipação política, nossos parabéns a Terra do Galo, nossa amada Jaicós.
Fonte: paroquiadejaicos.blogspot.com/Acervo da Paróquia de Jaicós.